NO DIA PRIMEIRO DE JULHO O BRASIL VAI PARÁ OUTRA VEZ
O movimento de protesto por melhores serviços públicos e
contra a corrupção, apoiado por três quartos da população brasileira,
perdeu intensidade neste domingo, mas promete voltar com força,
coincidindo com o chamado de greve geral para o início de julho.
No Rio de Janeiro, cerca de 4.000 pessoas participaram de uma
passeata na orla de Copacabana contra a PEC 37, que limita o poder de
investigação do ministério público e, segundo os manifestantes,
aumentará a impunidade no Brasil.
Outras passeatas e manifestações continuam a ser convocadas pelas
redes sociais, o principal canal de comunicação e articulação dos
protestos.
"Em 01/07/2013 o Brasil vai parar", diz um aviso publicado em uma página de Facebook.
O movimento Passe Livre de São Paulo, que deu início às
manifestações, anunciou em sua página "grandes ações" para a próxima
semana na periferia da metrópole.
"Sem partido"
Os manifestantes não se identificam com sindicatos e, muito menos, com partidos.
No sábado, novos protestos foram realizados em mais de cem cidades,
apesar do discurso conciliatório da presidente Dilma Rousseff, que
prometeu atender as demandas e anunciou um acordo com as autoridades
regionais para melhorar os serviços públicos.
A maior manifestação de sábado ocorreu em Belo Horizonte, onde 70.000
pessoas se reuniram nas proximidades do estádio do Mineirão durante a
partida entre Japão e México (1-2).
Dezesseis pessoas ficaram feridas, incluindo cinco policiais, quando
os manifestantes tentaram forçar o perímetro de segurança do estádio.
Segundo a polícia, 32 pessoas foram detidas por vandalismo.
Inicialmente contra o aumento do preço do transporte público, as
manifestações passaram a reivindicar melhorias e maiores investimentos
nos serviços públicos e a repudiar a classe política corrupta.
Após as manifestações históricas de quinta-feira, que reuniram mais
de 1 milhão de pessoas nas ruas de todo o país, dos quais 300 mil no Rio
de Janeiro, a tendência são protestos focados em um tema de cada vez ao
longo dos próximos dias, anunciaram as redes sociais, em antecipação a
greve geral.
Cerca de 75% dos brasileiros apoiam este movimento histórico de
contestação, de acordo com a primeira pesquisa do IBOPE publicada no
sábado sobre a crise no Brasil.
O preço e a má qualidade dos transportes públicos superou as razões
de insatisfação da população (77%), seguido pela classe política (47%) e
corrupção (33%).
Mas o coração dos brasileiros balança entre essas críticas e o amor
pelo futebol. Entre os entrevistados, 67% aprovam a organização da Copa
do Mundo.
A onda de manifestações no Brasil chegou a Hollywood: o ator
americano Brad Pitt adiou sua visita ao Rio de Janeiro para promover seu
novo filme "Guerra Mundial Z".