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sábado, 24 de novembro de 2012

Rede 4G pode ser mais vulnerável do que se imaginava

Redes de dados wireless de alta velocidade são vulneráveis a uma técnica simples de interferência que pode bloquear o serviço em grande parte de uma cidade, de acordo com pesquisas divulgadas na semana passada por uma agência federal norte-americana. Redes de dados wireless de alta velocidade são vulneráveis a uma técnica simples de interferência que pode bloquear o serviço em grande parte de uma cidade, de acordo com pesquisas divulgadas na semana passada por uma agência federal norte-americana. A tecnologia de banda larga móvel LTE (sigla em inglês para evolução em longo prazo) está se espalhando rapidamente pelo mundo. Mas pesquisadores mostram que um único transmissor a bateria, focado em pequenas partes do sinal LTE, pode derrubar uma grande estação LTE servindo milhares de pessoas. "Imagine um bloqueador que cabe numa pequena maleta e pode derrubar quilômetros de sinais LTE – sejam comerciais ou de segurança pública", disse Jeff Reed, diretor do grupo de pesquisa wireless da Virginia Tech. "Isso pode ser relativamente fácil de fazer", e não seria fácil se defender do ataque, acrescentou Reed. Se um hacker acrescentar um amplificador de energia ao conjunto, seria possível derrubar uma rede LTE numa região ainda maior. Se as redes LTE fossem comprometidas, as redes 3G e 2G existentes ainda poderiam operar – mas essas redes mais antigas estão sendo gradualmente desativadas. Reed e um assistente de pesquisa, Marc Lichtman, descreveram as vulnerabilidades num documento entregue na última quinta-feira à Administração Nacional de telecomunicações e Informação (NTIA, sigla em inglês), agência que aconselha a Casa Branca sobre políticas de telecomunicações e informação. Não houve reação imediata da NTIA, que procurou comentários de especialistas sobre a viabilidade de usar a LTE para comunicações de emergência. Qualquer frequência de rádio pode ser bloqueada se um transmissor enviar um sinal na mesma frequência, com potência suficiente. Mas a LTE é especialmente vulnerável, explicou o grupo de Reed. Isso ocorre porque todo o sinal LTE depende de instruções de controle que correspondem a menos de 1 por cento do sinal total. Algumas dessas instruções controlam as cruciais sincronizações de tempo e frequência que sustentam as transmissões LTE. "Seu telefone fica constantemente sincronizando com a estação de base" para transmitir e reunir com sucesso pedaços de informação que formam, por exemplo, uma foto ou um vídeo, disse Lichtman, assistente de pesquisa e coautor do estudo. "Interrompendo essa sincronização, fica impossível enviar ou receber dados." Existem muitos outros pontos fracos, dizem os pesquisadores, e qualquer um deles poderia ser usado para afetar um sinal LTE com um transmissor de baixa potência. "Há diversas fraquezas – cerca de oito ataques diferentes são possíveis. O sinal LTE é muito complexo, formado por muitos subsistemas, e em todos os casos, ao derrubar um único subsistema, você derruba toda a estação base." Só seria preciso um laptop e uma unidade de rádio (que pode custar desde US$ 650). Energia de bateria, incluindo de uma bateria de carro, seria suficiente para bloquear uma estação base LTE. Fazer isso exigiria conhecimento técnico da complexidade do padrão LTE, mas esses padrões – diferente dos militares – são publicados abertamente. "Qualquer engenheiro de comunicação seria capaz de descobrir essas coisas", argumentou Lichtman. Lichtman fez uma analogia com impedir todos os carros, táxis e caminhões de operar em Manhattan anulando o sistema de luzes de trânsito. "Imagine bloquear todos os semáforos de forma que ninguém saiba se estão vermelhos ou verdes, e imagine o que aconteceria ao trânsito. Os carros bateriam uns nos outros e tudo ia parar", disse ele. Todos os mais novos smartphones e as maiores operadoras estão promovendo uma transição às redes LTE. No mundo todo, quase 500 milhões de pessoas têm acesso aos sinais de mais de 100 operadoras LTE em 94 países. A tecnologia pode ser 10 vezes mais rápida na entrega de dados, como vídeos, do que as redes 3G. O grupo de Reed não apontou se algo poderia ser feito para solucionar o problema recém-descoberto. "Antes, é preciso colocar os problemas sobre a mesa. Embora tenhamos identificado o problema, não temos necessariamente uma solução", afirmou ele. "É praticamente impossível usar estratégias de atenuação que também sejam compatíveis e cubram todos os aspectos." Mas a LTE também está sendo proposta como base para os sistemas de comunicação emergencial da próxima geração – uma proposta chamada FirstNet, concebida depois que falhas de comunicação entre policiais e bombeiros contribuíram ao aumento das mortes nos ataques terroristas de 11 de setembro. Em sua apresentação à NTIA, Reed disse ser concebível que terroristas pudessem comprometer uma rede LTE para confundir a resposta a um ataque. Segundo Reed, não se sabe de nenhuma interferência às redes LTE como resultado das vulnerabilidades. A Qualcomm, que vende chips LTE e é uma das empresas que desenvolveu o padrão, não quis comentar o assunto. A Ericsson, empresa sueca que fornece grande parte da infraestrutura LTE do mundo, incluindo para a Verizon, nos EUA, não respondeu aos pedidos de comentários. O impacto de qualquer vulnerabilidade da LTE pode ser enorme. Nas estimativas da Ericsson, metade da população mundial terá cobertura LTE até 2017. E muitos dispositivos de consumo – incluindo monitores médicos, câmeras e até mesmo veículos – poderão adotar a tecnologia LTE para uma nova onda de aplicações. A comunicação celular digital foi desenvolvida para enfrentar outra preocupação de segurança. "Nos velhos tempos, nossos alunos costumavam ouvir conversas em celulares para se divertir. Era algo extremamente fácil. E esse foi um dos principais fatores de motivação por trás dos sistemas celulares digitais", explicou Reed. "A rede LTE faz um bom trabalho em cobrir esses aspectos. Mas aspectos pouco convencionais de segurança, como impedir a interferência do sinal, vêm sendo praticamente ignorados."

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